Saiba quem foi Le Corbusier e porque ele é tão importante na história da arquitetura e do design!
Charles-Edouard Jeanneret-Gris é mais conhecido como Le Corbusier, o pseudônimo que tornou famoso o arquiteto, urbanista, pintor e escultor de origem suíça e naturalizado francês em 1930.
Considerado um dos mais importantes e influentes arquitetos do século XX, Le Corbusier deixou influências e um legado importante até a atualidade e, justamente por isso, ainda é extremamente estudado.
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Le Corbusier: biografia
Nascido em 6 de outubro de 1887, Le Corbusier ingressou na área estudando, primeiramente, artes e ofícios em sua cidade natal na Suíça e, em seguida, estagiou durante dois anos no estúdio parisiense de Auguste Perret, na França.
Conhecido pelas suas viagens, Le Corbusier colaborou com nomes importantes e famosos da arquitetura como Peter Behrens, na Alemanha.
Ao passar um período em Atenas, na Grécia, o arquiteto pode estudar o Partenon e outros edifícios da Grécia Antiga, ficando impressionado com o uso da razão áurea dos gregos clássicos – uma proporção matemática considerada agradável e harmônica.
Foi a partir dessa viagem que Le Corbusier criou uma série de medidas proporcionais, o Modulor, que dividia o corpo humano de maneira harmônica e equilibrada, usando essas medidas para orientar suas pinturas e projetos.
Aos 35 anos, ele se associou ao seu primo, Pierre Jeanneret, engenheiro, adotando de vez o pseudônimo pelo qual atingiu a fama internacional.
Embora tenha sido prioritariamente arquiteto, Le Corbusier também teve contribuições importantes na área da pintura (ajudando a fundar o movimento purista – corrente derivada do cubismo – nos anos 20) e na teoria artística (publicando inúmeros artigos na revista francesa “L’Espirit).
Na arquitetura, ele se destacou repudiando os estilos predominantes na época e passando a considerar a casa como uma “máquina de habitar” (machine à habiter), estando em concordância com os avanços industriais que surgiam.
Para ele, a arquitetura era como um jogo correto dos volumes sob a luz que se fundamentava no uso de novos materiais, como o vidro plano, o concreto armado e outros produtos artificiais.
Le Corbusier faleceu aos 78 anos, afogado no Mar Mediterrâneo, sendo que 8 anos antes ele havia desenhado o projeto do seu túmulo, que foi imediatamente construído após a sua morte.
Le Corbusier e as principais contribuições para a arquitetura
Em 1922, preocupado com os problemas de planeamento urbano, Le Corbusier abre o seu primeiro escritório de arquitetura.
Foi também nesse período que ele desenvolveu um sistema construtivo revolucionário, com pilares de cimento armado, capaz de libertar as paredes de quaisquer funções estruturais.
Em 1923, ele publica a obra “Vers une Architeture” que se constituiu em um marco importante no desenvolvimento da arquitetura do século XX. Nesse livro, ele publica os 5 pontos que definem a nova arquitetura, sendo eles:
- Colunas livres (também chamadas de pilotis) que tornam as construções suspensas e uma inédita relação “interno-externo” entre o observador e o morador;
- Planta livre com a liberalização das paredes externas e internas da estrutura;
- Fachadas com janelas corridas;
- Composição livre da fachada, como consequência da estrutura em esqueleto;
- Terraço-jardim, permitindo a abertura de uma nova dimensão para o edifício, graças ao avanço do concreto, sendo possível aproveitar a última laje da edificação como espaço de lazer.
Em 1928, Corbusier projeta a Villa Savoye, construída para ser uma luxuosa casa de fim de semana em Poissy (na época subúrbio de Paris) e que representa muito bem a fase purista do arquiteto.
Ao lado da residência Farnsworth (de Mies van der Rohe) e a Casa da Cascata (de Frank Lloyd Wright) formam a tríade de residências paradigmáticas das diferentes tendências arquitetônicas modernas que surgiram no início do século.
A Villa Savoye foi responsável por influenciar o pensamento projetual de vários arquitetos em todo o mundo, principalmente por resumir as ideias propagadas por Corbusier.
Em 1936, Le Corbusier veio ao Brasil, convidado por Lúcio Costa para prestar uma consultoria no projeto do Palácio Gustavo Capanema e suas ideias influenciaram muito a equipe que, além de Lúcio Costa, contava com nomes como Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx.
Em 1947, começa a implantação da primeira unidade das Unités d’Habitation concebidas por Le Corbusier para ser como uma cidade jardim vertical, em oposição à construção do tipo pavilhão.
As Unités d’Habitation são grandes edifícios modulares projetados após a 2ª Guerra Mundial e originados de um programa de reconstrução do governo francês, sendo que a primeira unidade implantada foi a da Cidade de Marselha.
Outro termo pelo qual o projeto ficou conhecido foi Cité radieuse (cidade radiosa), pois buscava recuperar em um edifício monumental a dinâmica da vida urbana.
O conceito utilizado por Corbusier foi posteriormente adaptado em diversos projetos modernistas por arquitetos ao redor do mundo, por traduzir elementos fundamentais da arquitetura moderna como a construção sobre pilotis, terraço-jardim (com creche, solário e piscinas) e o uso do Modulor pela primeira vez para estabelecer as medidas importantes do projeto.
Também foi esse o primeiro projeto do arquiteto francês no qual ele aplicou uma série de estudos a respeito da ventilação e da insolação, permitindo projetar dispositivos de controle térmico e de iluminação (conhecidos como brise-soleils, ou “quebra-sóis”).
Cada apartamento também conta com uma abertura em cada fachada, o que permite a existência do efeito-chaminé e da ventilação cruzada, renovando o ar constantemente e adequando a sua temperatura interna sem a necessidade de aparelhos de ar condicionado.
Na França, foram construídas 4 unidades e, devido a fama internacional do projeto, o governo alemão também solicitou um projeto em Berlim.
Além desses, Le Corbusier ainda participou do projeto do conjunto de edifícios-sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, no ano de 1953, sendo considerado um dos principais representantes do International Style, realizou o projeto do Palácio da Assembleia, em Chandirgah (1953) e da Chapelle Notre-Dame-du-Haut, em Rochamp, na França (1955).
Le Corbusier e os móveis
Utilizando do seu sistema de medidas, o Modulador, Corbusier também contribuiu de forma significativa para o design de interiores e também de móveis.
Em 1925, ele participou da exposição em Paris como designer de móveis, apresentando o mobiliário que ele criou para a empresa Thonet Frères, de Paris.
A partir de 1926, Corbusier passou a desenhar móveis junto de Charlotte Perriant e Pierre Jeanneret, sendo que em 1928 o grupo cria a primeira Chaise Longue (LC4).
Outra criação de Corbusier na área dos móveis e que merece destaque é a Cadeira Basculante (1928) que conta com uma estrutura de aço cromado, com assento e encosto com pele de bezerro e braços em couro e a Poltrona Grand Confort (1929) com estrutura em aço tubular cromado e estofamento em couro.
Hoje, a marca italiana Cassina é a fabricante da linha de móveis desenhados por Le Corbusier, sendo dona de um terço da linha LC – as mais famosas criações do francês e que representam os princípios artísticos que regeram as criações de Corbusier, sendo elas:
- LC1: cadeira com quadro de metal cromado e assento em couro;
- LC2 Grand Confort Chair: poltrona estofada de couro com estrutura de metal cromado ou de aço esmaltado;
- LC3 Petit Confort: sofá acolchoado em couro e com estrutura de aço esmaltado ou de metal;
- LC4: divã (chaise longue) no formato de um semicírculo, com assento de couro e acabamento em metal cromado;
- LC5: sofá com apoio simples e discreto e revestimento em couro;
- LC6: mesa com apoio para o tampo de vidro escuro em aço;
- LC7: cadeira simples com uma engrenhosa base giratória.
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